terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

D. Sancho I - O Povoador

Associado ao Governo ainda em vida do seu pai, dirigiu D. Sancho I, em 1178, uma importante expedição militar que levou às portas de Sevilha, a maior cidade dos árabes - não apenas da Andaluzia mas de toda a Península - , cujos arrabaldes destruiu numa manifestação clara de força militar e de determinação política. Regressado a Portugal, teve D. Sancho que enfrentar novos ataques dos mouros, empenhados agora em ferir povoações da linha do Tejo, como Abrantes, Coruche ou mesmo Santarém, e que urgia, por isso, defender. Ao subir ao trono, por morte de D. Afonso Henriques em 1185, cuidou de reforçar da fronteira meridional, fazendo importantes doações às ordens militares. Assim, aos Freires de Santiago concedeu, em 1186, as fortalezas de Almada, Palmela e Alcácer do Sal, e aos Freires de Évora, o Castelo de Alcanede, no ano seguinte. Os Templários que no tempo de D. Afonso I tinham participado activamente nas conquistas de Santarém e de Lisboa, continuavam mais a norte a vigiar o inimigo e a defender as populações.
Mas não era D. Sancho I homem para ficar quieto à espera dos ataques dos Muçulmanos. Queria seguir as pisadas do seu pai e conquistar novas terras, avançando, avançando sempre em direcção ao mar que no Algarve o esperava.
A passagem por Lisboa, em 1186, de cruzados que de novo demandavam à Terra Santa (era já a 3.ª Cruzada), levou o rei a pedir-lhes auxílio para a conquista de terras algarvias. Os mais velhos, por certo, relembraram então a preciosa ajuda que os cruzados tinham dado às hostes portuguesas no reinado anterior. Pois assim foi conquistado o Castelo de Silves, importante centro mercantil e de grande prestígio cultural que, após prolongado cerco, passou, enfim, para a posse dos cristãos. A sua rendição tornou mais fácil a conquista de Albufeira, Lagos, Portimão e Monchique por D. Sancho I, uma vez que os cruzados já tinham entretanto seguido viagem para a Palestina, em busca de novos combates e conquistas.
Não dormiam, porém, os muçulmanos, que, logo em 1190, lançaram contínuos e poderosos ataques. E é assim que no Verão do ano seguinte cai Alcácer do Sal, são destruídos os castelos de Palmela e de Almada e se rende Silves. A partir de agora, a sul do Tejo, só Évora continua, na imensidão do Alentejo, a arvorar orgulhosa, o pendão real. Parecia que a força dos mouros tudo levaria à frente. Mas não. Houve apenas um compasso de espera, pois no século seguinte de novo avançaram as hostes portuguesas e cederam, agora sim definitivamente, as tropas muçulmanas.
Entretanto, tinha já iniciado D Sancho I uma sábia política de organização do reino, quer doando terras quer fixando populações sobretudo em zonas do interior ou próximas da fronteira – através da concessão de cartas de foral, onde estavam os privilégios dos povos que habitavam essas terras.

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